quarta-feira, 31 de março de 2010

Transgredir as vezes ajuda...


POSSO ERRAR?

Por Leila Ferreira*

Há pouco tempo fui obrigada a lavar meus cabelos com o xampu “errado”. Foi num hotel, onde cheguei pouco antes de fazer uma palestra e, depois de ver que tinha deixado meu xampu em casa, descobri que não havia farmácia nem shopping num raio de 10 quilômetros. A única opção era usar o dois-em-um (xampu com efeito condicionador) do kit do hotel. Opção? Maneira de dizer. Meus cabelos, superoleosos, grudam só de ouvir a palavra “condicionador”. Mas fui em frente. Apliquei o produto cautelosamente, enxaguei, fiz a escova de praxe e... surpresa! Os cabelos ficaram soltos e brilhantes — tudo aquilo que meus nove vidros de xampu “certo” que deixei em casa costumam prometer para nem sempre cumprir. Foi aí que me dei conta do quanto a gente se esforça para fazer a coisa certa, comprar o produto certo, usar a roupa certa, dizer a coisa certa — e a pergunta que não quer calar é: certa pra quem? Ou: certa por quê?
O homem certo, por exemplo: existe ficção maior do que essa? Minha amiga se casou com um exemplar da espécie depois de namorá-lo sete anos. Levou um mês para descobrir que estava com o marido errado. Ele foi “certo” até colocar a aliança. O que faz surgir outra pergunta: certo até quando? Porque o certo de hoje pode se transformar no equívoco monumental de
amanhã. Ou o contrário: existem homens que chegam com aquele jeito de “nada a ver”, vão ficando e, quando você se assusta, está casada — e feliz — com um deles.
E as roupas? Quantos sábados você já passou num shopping procurando o vestido certo e os sapatos certos para aquele casamento chiquérrimo e, na hora de sair para a festa, você se olha no espelho e tem a sensação de que está tudo errado? As vendedoras juraram que era a escolha perfeita, mas talvez você se sentisse melhor com uma dose menor de perfeição. Eu mesma já fui para várias festas me sentindo fantasiada. Estava com a roupa “certa”, mas o que eu queria mesmo era ter ficado mais parecida comigo mesma, nem que fosse para “errar”.

Outro dia fui dar uma bronca numa amiga que insiste em fumar, apesar dos problemas de saúde, e ela me respondeu: “Eu sei que está errado, mas a gente tem que fazer alguma coisa errada na vida, senão fica tudo muito sem graça. O que eu queria mesmo era trair meu marido, mas isso eu não tenho coragem. Então eu fumo”. Sem entrar no mérito da questão — da traição ou do cigarro —, concordo que viver é, eventualmente, poder escorregar ou sair do tom. O mundo está cheio de regras, que vão desde nosso guarda-roupa, passando por cosméticos e dietas, até o que vamos dizer na entrevista de emprego, o vinho que devemos pedir no restaurante, o desempenho sexual que nos torna parceiros interessantes, o restaurante que está na moda, o celular que dá status, a idade que devemos aparentar. Obedecer, ou acertar, sempre é fazer um pacto com o óbvio, renunciar ao inesperado.

O filósofo Mario Sergio Cortella conta que muitas pessoas se surpreendem quando constatam que ele não sabe dirigir e tem sempre alguém que pergunta: “Como assim?! Você não dirige?!”. Com toda a calma, ele responde: “Não, eu não dirijo. Também não boto ovo, não fabrico rádios — tem um punhado de coisas que eu não faço”. Não temos que fazer tudo que esperam que a gente faça nem acertar sempre no que fazemos. Como diz Sofia, agente de viagens que adora questionar regras: “Não sou obrigada a gostar de comida japonesa, nem a ter manequim 38 e, muito menos, a achar normal uma vida sem carboidratos”. O certo ou o “certo” pode até ser bom. Mas às vezes merecemos aposentar régua e compasso.

*Leila Ferreira é jornalista, apresentadora de TV e autora do livro
Mulheres – Por que será que elas..., da Editora Globo

terça-feira, 23 de março de 2010

É o meu salto que me deixa um pouco mais perto do céu....



Salto Alto

Sem o salto alto

ela é apenas
linda de morrer

Mas, com ele,
Urde-se a curvilínea artimanha
que alucina, os sobressaltos,
o centro de gravidade do corpo.

Que galope de centelhas!

Que passeio de faíscas!



Uma furtiva lacrima anuncia
a profania aos quatro ventos:



Vai passar o desfile de veludo
-Que pelúcia, que tudo!


Vai passar o felino invento

- o mistério da mulher de salto alto

que ultrapassa todo entendimento




Fabrício Marques

segunda-feira, 22 de março de 2010

Coisas assim... que a gente sente!

Por linhas tortas...


Nunca conheci quem tivesse escrito uma merda.
Todos os meus conhecidos têm sido brilhantes em tudo o que escrevem.

E eu, tantas vezes cego, tantas vezes burro, tantas vezes tímido,
eu tantas vezes irresponsavelmente plagiário,
indesculpavelmente preguiçoso,
eu que tantas vezes não tenho tido paciência pra consultar o dicionário,


eu que tantas vezes tenho sido rídículo, vaidoso,
que tenho cortejado os elogios fúteis e desprezado as críticas honestas,
que tenho escrito poemas grotescos, tacanhos, redundantes e pretenciosos,
que tenho deletado mais da metade do que escrevo,
que, quando deleto, tenho me arrependido de cada poema publicado;
eu, que tenho submetido meus poemas ao julgamento de gente que eu desprezo
e tenho me sentido humilhado pelo desprezo dessa maesma gente;
eu, que não como ninguém com meus versos românticos,
eu, que não choco ninguém com meus versos satânicos,
eu, que tenho passado noites em claro pensando num advérbio ou num adjetivo,
eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conhço e que troca e-mails comigo
nunca errou uma concordância, nunca se enredou numa falácia,
nunca foi senão genial - todos gênios - na vida e na literatura...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
que confesse, não um bloqueio criativo, mas uma ingenuidade;
que contasse, não que seu livro não vendeu, mas que não valia o preço da capa!
Não, são todos mestres de Homero e instrutores de Shakespeare,
se os ouço e se falam comigo.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez escreveu uma frase feita?
Ó gênios, meus irmãos,
caralho, estou de saco cheio de Rimbauds e Mallarmés!
Onde é que há gente no mundo?

Então só eu que sou burro e pouco original nesta terra?


Poderão ter sido achincalhados pela crítica,
podem ter sido ignorados por Deus e o mundo,
mas terem escrito uma frase ridícula, nunca!
E eu, que tenho escrito frases ridículas cotidianamente,
cercado por tantos gênios, como posso querer ser lido com atenção?
Eu, que tenho sido estúpido, literária e literalmente estúpido,
estúpido no sentido simplório e bruto da estupidez.


Marco Catalão (publicado no Suplemento Literário - Belo Horizonte ago/2009)

quarta-feira, 10 de março de 2010

O importante é você saber o seu foco...



Isso sim é o que eu chamo de plano estratégico para alcance de resultados.

terça-feira, 9 de março de 2010

É tudo uma questão de sensação....

Há dias em que você procura sobre o que falar. Algo novo sobre o que possa comentar e quando menos espera uma afirmação surge em sua frente! Afirmação óbivia e que por assim ser talvez nunca tenha passado por sua cabeça. Pensar o óbivio costuma ser difícil.

Mas enfim, depois de algumas andanças encontrei uma dessas frases de campanhas publicitárias que fazem sentido em determinado momento. E o meu momento é agora!

Eis que compartilho com vocês o que a "Valisère" já dizia e eu repito:

"Quando uma menina vira mulher, os homens viram meninos."

Não se preocupe se isso não disser nada para você...

isso é apenas uma questão de sensação!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Não é porque foi ontem que não pode ser feliz hoje também!


Um dia alguém teve a brilhante ideia de homenagear as mulheres com um dia em especial. E nós, sentimo-nos honradas com esse presente, não há como negar! Um dia inteiro só nosso. Dia de homenagens, flores, perfumes, beijos, felicitações, algum reconhecimento e quem sabe, algo mais.

Só que esse dia terminou... as flores já começam a murchar, os perfumes já não impactam, os beijos são rápidos, as felicitações esperam nova data, o reconhecimento... que reconhecimento?! ... e o algo mais foi bom enquanto durou.

Mas ainda sim não perdemos o charme, a elegância e a sensualidade, características que são nossas, por merecimento, dom e inteligência do Criador.

Ainda bem, que um dia, alguém teve a brilhante de ideia de homenagear as mulheres. Assim, os outros 364 dias do ano têm mais graça, pois conseguimos observar, mesmo que de longe, o porque de sermos tão especiais, ainda que outros o possam notar uma vez apenas, nos rendendo homenagens, flores, perfumes, beijos, felicitações, algum reconhecimento e o delicioso algo mais!!!

[Sou sim, assim...


A cor do mundo


Fantasticamente inteira...


Colorida


Feliz]



sexta-feira, 5 de março de 2010

Talvez comece assim...

[Sim... a mocinha da imagem acima sou eu!
Feliz por um fim de festa perfeito...
Feliz por vestir uma fantasia.
..]

Meu mundo começou no dia 10 de junho de 1984, dia de um novo big bang!
Ou será que ele começou depois, quando comecei a entender a vida do meu jeito...
Talvez ele ainda nem tenha começado, e tudo até então tenha sido uma vaga sensação de tempo e espaço!
Não, não... é tudo muito real para ser apenas uma sensação!
Já senti o calor da emoção, o frio do medo, o suor do esforço... em todos os sentidos... por inteiro!
Já vivi a dor de perder... a alegria de ganhar (e vice-versa)
Já sonhei que era princesa...
Já acordei do lado do plebeu...
Já beijei príncipes que na verdade eram sapos disfarçados!
Já dancei sem música...
Já cantei para alguém dançar...
Ouvi confidências e confidenciei...
Vesti roupa de grife e do "simidão"...
Paguei caro para ter uma profissão... e tenho!
Já chorei e fiz chorar...
Fiz de muito um pouco... e do pouco (quase) tudo!
Espera.... por que assim tão pretérita?
Sou presente... até bem mais presente do que futura!
Na verdade meu mundo começa todos os dias. Sempre com uma nova oportunidade de reconstruir... quebrar... requebrar... de fazer o que sou!
Talvez por isso seja tão fantástico o mundo de Lela... por inteiro!